sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Escrita selvagem.

escrevo sem a pontuação adequada
escrevo sem objectivo futuro
escrevo sem magnificência
desde quando temos de possuir um doutorado para escrever
desde quando temos de possuir dotes inexplicáveis para escrever

Problemas?

Problemas, mesmo que não os desejes eles vêm sempre ao teu encontro.
Mesmo que os renegues eles não te deixam viver.
Não dão para comparar, sinto-me feliz porque o problema de outrem é maior que o meu, mas mesmo assim o meu não deixa de existir.
Não passo fome como os meninos do segundo mundo, não trabalho como os meninos do segundo. Tenho casa para viver, comida para comer, não sei do que me hei-de queixar, mas mesmo assim os problemas não deixam de existir.
Queixo-me, e solto um grito afónico de desespero! Mas mesmo assim eles não fogem, escondem-se.
Mais tarde ou mais cedo o jogo acaba, e se não acabar... vão se ouvir as criancinhas gritar:
-REBENTA A BOLHA!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Serenidade em excesso.

Amor não te escondas
sai detrás desse rochedo
sai detrás dessas ondas
já ultrapassei o meu medo.

Amor não fujas
o dado foi lançado
já não tenho as mãos sujas
quero ser bem amado.

Amor entra
fica aqui comigo
se não for demais
deixa-me ser teu amigo.

Culpado não.

Não tenhas medo da estrada, se o coração bater o combustível não acaba.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Antes de um começo final.

Vivo com o sabor da ignorância entranhado na pupila fungiforme, esperando que a glândula won Ebner o limpe.
E este sabor com que vivo é comum em todos nós, e é dando asas á imaginação que fujo deste problema que nunca poderá ser resolvido.
A ignorância é uma doença hereditária, sem vacina ou genérico que a combata. Estou destinado a viver com ela até ao final do Inverno.
Até ao começo da liberdade.

domingo, 8 de novembro de 2009

Tudo evolui, nada estagna.

Todos nós sonha-mos com 5 minutos de glória, todos nós, e até o tivemos quando demos o primeiro passo, quando "vomita-mos" o primeiro "mãma". A primeira fumaça que fez a tua cabeça.
Todos nós temos perspectivas futuras, uns em grande escala, outros temo-as em pequena.
A minha perspectiva é a nível mundial, adoraria atingir todas as pessoas do mundo através da minha criatividade, através das minhas palavras, ainda me encontro numa estação que varia muito, que pode, que vai crescer. Quero abalar o mundo, queremos. Quero atingir o extremo, sem extremos.
Por vezes dou por mim a pensar, quando chegará finalmente o Verão(?), quando irei encontrar o outro pedaço que toda a gente o chama de felicidade? A nostalgia ataca quando dou por mim a observar os sorrisos a compatibilidade de alguns, ou mesmo com a incompatibilidade, com uma vida tão monótona, dou por mim a bater com a cabeça na parede desejando estar inserido em situações parecidas, tão comuns no meu quotidiano.
Tenho a quem me agarrar quando estou a cair, tenho quem me levante quando já estou no chão, mas não tenho quem me demonstre afecto sem pedir nada em troca. Não me sinto sozinho nem nada parecido com tal, é difícil a solidão chegar até ti, e só chega se negares qual seja a aproximação.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Confissões de um consumidor: UM TRAÇO DE COCA.

-Vamos, manda essa merda.
Senti a euforia, o calor e o poder.
-Diz lá quem é o maior?
Será que sou eu? Claro que sou eu!

Dezanove horas em horário de inverno, o sol já se tinha esquivado à aproximadamente duas horas, tal e qual uma criança com hora marcada para o lanche. Parecia uma manhã de Verão.
Enquanto fazia o caminho escola/casa vi ao longe o traste da cidade, mas rapidamente o encontrava, passando ao meu lado, não baixei a cabeça como habitualmente, enchi o peito de ar e olhei, não obtive uma palmada por mau comportamento, simplesmente um sorriso e a palavra "maluco" em forma de adjectivo vinda da boca do mesmo. Naquela altura não tinha percebido a reacção, mas também não fiz caso disso.
Pousando o pé direito em casa e inalando o aroma doce do bolo de chocolate que a minha mãe preparava para sobremesa do jantar senti uma enorme vontade de urinar, tinha a bexiga cheia, prestes a rebentar.
Já sentado à mesa e já depois do "serviço" feito, olhei para a comida e estava sem vontade nenhuma de mastigar, engolir. Pedi permissão para me levantar e expliquei que estava sem fome. A explicação que deveria ser breve demorou então cerca de dez minutos, estava a dar comigo em doido, a euforia com que falava não deixava com que os meus familiares percebem-se o que a minha boca ditava.
Sentado no sofá, senti um número excessivo de palpitações, quando dei por mim estava na garagem. Batendo uma bola contra a parede, senti todos os poros do meu corpo transpirando, senti uma perda enorme de fluídos corporais que me fez muito bem.
Agora na cama preparado para o descanso, já depois de um refrescante duche, já me sentia outro, eu.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Testamento.

Mais uma vida que teve um final feliz.
Encontro-me descontraído, apreciando um chá de cidreira e uma torrada com bastante manteiga, visto que aqui não tenho de ter cuidados com o colesterol.
Deixo tudo o que não tenho aos meus, e tudo o que tenho trago comigo, não sejam invejosos e deixem-me partilhar estas palavras com a população que se encontra na mesma posição que eu, até já.

Espelho, o segundo.

Com cabelos escuros e desguedelhados, com olhos claros e lábios doces, mede cerca de dois metros.
Mede cerca de trinta centímetros, cabelos suaves e lisos, olhos de cor incógnita mas que me iluminaram a noite comum.
A alma vazia, por preencher, procurava calor para acabar com o frio que pairava.
Enquanto os meus olhos viam, o termómetro corporal aumentava, em termos de graus celsius.
Era uma sensação que agradava, que surgia com uma pitada de vingança, com uma pitada de culpa.
Queria os lábios doces, a mulher que me deixou o copo totalmente cheio, a mulher que criava e cria um incêndio em todo o meu ser.
Mas querer não é poder em relação à merda que é o amor.
Os dois metros sorriem, o copo enche, os dois metros voam, o copo entorna.
Os trinta centímetros sorriem, o copo fica-se pela metade, os trinta centímetros não voam.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Espelho, o primeiro.

Ao contrário de Alberto Caeiro, escrevo com pensamento, contrariando Fernando Pessoa, não preciso de utilizar a minha criatividade para a criação de seres inexistentes para o comum humano simplesmente para mostrar as diferentes estações por onde a minha intelectualidade andou, ou até se encontra.
E penso, e é bom pensar, é bom encontrar-me num rochedo, com o fumo a planar sobre a minha cabeça, obstruindo a minha visão, tal como se estivesse cego, pensando na simples acção de "fazer" a cama pela manhã, e porquê tal acção(?), se quando a noite cair e todos os pensamentos que me atormentam voltarem para fazer da minha vida uma pocilga, (sem desrespeitar o grande ser que nos oferece o bacon, o porco) irei ter de "desfazer a cama" só para tentar desligar a electricidade que me faz mover. Já há uns anos largos que não paro, porque mesmo dormindo o meu consciente não apaga tudo o que faz com que a minha vida não me agrade.
Tal e qual o meu Colega Caeiro, faço da frase de Quintus Horatius Flaccus, CARPE DIEM, a minha filosofia de vida. Aproveito o momento em que escrevo, aproveito o momento em que penso, quer esse pensamento seja bom quer seja mau, aproveito-o somente porque pensando faz com que exista, segundo Déscartes.
Preferia ter objectivos, preferia deambular, preferia ter inúmeras qualidades, mas preferindo não faz com que tal exista. Não deambulo, não tenho objectivos, o comodismo faz de mim uma boa pessoa aos olhos de qualquer outro ser humano, mas eu não gosto de uma pessoa assim.
Escrevo para fazer com que o tédio não se apodere de mim.