quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Confissões de um consumidor: UM TRAÇO DE COCA.

-Vamos, manda essa merda.
Senti a euforia, o calor e o poder.
-Diz lá quem é o maior?
Será que sou eu? Claro que sou eu!

Dezanove horas em horário de inverno, o sol já se tinha esquivado à aproximadamente duas horas, tal e qual uma criança com hora marcada para o lanche. Parecia uma manhã de Verão.
Enquanto fazia o caminho escola/casa vi ao longe o traste da cidade, mas rapidamente o encontrava, passando ao meu lado, não baixei a cabeça como habitualmente, enchi o peito de ar e olhei, não obtive uma palmada por mau comportamento, simplesmente um sorriso e a palavra "maluco" em forma de adjectivo vinda da boca do mesmo. Naquela altura não tinha percebido a reacção, mas também não fiz caso disso.
Pousando o pé direito em casa e inalando o aroma doce do bolo de chocolate que a minha mãe preparava para sobremesa do jantar senti uma enorme vontade de urinar, tinha a bexiga cheia, prestes a rebentar.
Já sentado à mesa e já depois do "serviço" feito, olhei para a comida e estava sem vontade nenhuma de mastigar, engolir. Pedi permissão para me levantar e expliquei que estava sem fome. A explicação que deveria ser breve demorou então cerca de dez minutos, estava a dar comigo em doido, a euforia com que falava não deixava com que os meus familiares percebem-se o que a minha boca ditava.
Sentado no sofá, senti um número excessivo de palpitações, quando dei por mim estava na garagem. Batendo uma bola contra a parede, senti todos os poros do meu corpo transpirando, senti uma perda enorme de fluídos corporais que me fez muito bem.
Agora na cama preparado para o descanso, já depois de um refrescante duche, já me sentia outro, eu.

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