terça-feira, 15 de setembro de 2015

Koi

Acordei e estou a flutuar num rio de emoções.
Atordoado tento tocar-me para me sentir até porque já algum tempo que o meu subconsciente sabe, mas o consciente finge que nada de anormal se passa.
Não sinto os meus membros, para ter provas vivas do que se passava olhei para o meu reflexo nas águas limpas de água doce em que me encontrava.

Metamorfoseei-me.

A minha estrutura diminuiu consideravelmente.
Os meus lábios carnudos são agora uma boca minúscula.
Tenho agora uns enormes barbilhões, quase como um antigo samurai japonês.
Não me lembrava que vestia umas cortinas de lantejoulas prateadas, antes de adormecer.

Sou um peixe.
Da forma como a corrente me força no caminho contrário ao meu destino, sou uma Carpa.
Se me deixo levar pela força exercida naturalmente pelo fluxo do rio, vou ser mais um amontoado de guelras desfeitas no fundo do percurso para sempre.
Nunca fui um bom nadador, sempre me safei, como em quase tudo na minha vida.
Sempre dei uso somente ao necessário mesmo sabendo que podia atingir metas enormes com um simples esforço.
Agora a minha vida depende da minha motivação para que estas escamas continuem a brilhar com reflexo do sol.


1 comentário:

  1. Experienciar é viver em liberdade. Não formato palavras nem domestico frases. Keep writing Francisco.

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